A Alemanha é a melhor seleção da Copa tecnicamente e
taticamente. Ou seja, tem os melhores jogadores e também a melhor distribuição
tática e estratégica. Além disso, é uma seleção que vai bem nas bolas paradas.
Não é pouca coisa.
Alemanha na Copa 2014 |
A seleção alemã consegue o que o Barcelona tentou e o Bayern
de Munique, atualmente, não faz: mescla a troca de passes com o jogo vertical,
que busca o gol sem muita enrolação. Que fique claro que o Bayern só não faz a
segunda parte. A Alemanha valoriza a posse de bola e procura o melhor momento
para penetrar e tentar as jogadas de gol. Com paciência, porque tem jogadores
bons o suficiente para isso e quer fazer isso. É uma influência de Guardiola no
jogo da Alemanha, que conta com muitos jogadores do Bayern, time treinado pelo
espanhol (catalão, vai).
Os destaques do time são Müller, Schweinsteiger, Kroos,
Neuer e Lahm. Müller é o atacante que pode jogar tanto aberto pela direita
quando o time tem um centroavante (Klose) ou um falso centroavante (Götze),
pelo centro na linha de três do 4-2-3-1 ou como centroavante. Acho o mais
instável dos destaques alemães. Será o alvo de jogos psicológicos dos jogadores
brasileiros.
O volante Schweinsteiger, por outro lado, é o mais constante.
Não se abala com a pressão, sabe armar e desarmar, é líder... Pode não fazer
uma partida brilhante, mas quase nunca faz um jogo medíocre.
Kroos é meia/volante das bolas paradas. Vai colocar todas as
bolas na área para Müller ou Klose tentarem o cabeceio e é quem cadencia o
jogo, junto com Schweinsteiger, no meio-de-campo. Chuta muito de fora da área
também.
Neuer é considerado (não por mim) o melhor goleiro do mundo,
mas tem seus problemas. É regular (o que é bom para um goleiro), não
milagreiro. É goleiro que defende o óbvio (o que já é muito, diga-se), o que
chamo de goleiro para campeonato, não para mata-mata. É uma espécie de líbero
da lenta defesa alemã, que joga adiantada. Ele não sabe jogar com os pés, ele
só estoura as bolas que chegam por ali. Ah, joga adiantado, portanto.
Lahm começou a carreira atuando nas duas laterais,
principalmente na lateral-esquerda. Destro, passou para a lateral-direita. Com
boa técnica e visão de jogo, passou a líbero com Guardiola no Bayern de
Munique. Na seleção alemã, já jogou com volante e lateral direito na Copa. Joga melhor como lateral. Como volante,
sai da frente da defesa, ultrapassa os meias/volantes Kroos e Schweinsteiger
pelo centro e se converte em opção de passe na frente. Não vejo muita vantagem,
para a seleção alemã, quando ele atua assim.
Esquema tático e estratégias
A Alemanha joga no 4-3-3 e pode variar para o 4-1-4-1 ou
4-2-3-1, dependendo da situação do jogo. É uma equipe que preza pela posse de
bola e joga agrupada. A Alemanha é quem mais troca passes. Isso é bom? Claro.
Qual o antídoto? Roubar a bola no meio campo e puxar contra-ataques, já que é
uma equipe que joga muito adiantada. O fato de jogar agrupada favorece a troca
de passes e abre espaços do outro lado em que a bola não está sendo disputada.
As inversões de bola também podem ferir de morte a Alemanha.
A seleção alemã começou a Copa com quatro zagueiros de
origem na linha defensiva. Ou seja, não tinha laterais típicos. Boateng pela
direita, Mertesacker e Hummels pelo miolo e Höwedes pela esquerda. Nessa
formação, Lahm é volante. Entretanto, o técnico alemão Joachim Löw pode colocar
Lahm na lateral-direita e promover Khedira para ocupar o lugar de Lahm como
volante, como já fez. Khedira marca pior que Lahm, mas sua presença à frente é
mais perigoso, porque ele penetra na área e é opção para bola aérea.
Assim, Joachim Löw pode armar a Alemanha com uma trinca de
volantes: Lahm/Khedira saindo de trás e ultrapassando Kroos e Schweinsteiger.
Özil aberto pela esquerda, Müller pela direita e Klose como centroavante (pouco
provável). Müller como centroavante e Götze ou Schürrle pela direita (mais
provável). Com Götze, que não faz uma boa Copa, há a opção de troca de posição
constante com Müller. Pelo centro, Götze
seria um falso centroavante e povoaria mais o meio campo.
Quaisquer das opções escolhidas, entretanto, são para
garantir a posse de bola. Por outro lado, com quatro ou três zagueiros de
origem na linha defensiva, também é certo que as bolas longas e as inversões de
bola serão armas a serem usadas.
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